quinta-feira, 11 de julho de 2013

Resgate de uma geração


Início de Verão Escaldante!

Todos nós nos lembramos de termos ouvido dizer aos responsáveis pela metereologia que este seria o verão mais frio dos últimos duzentos anos, verdade, esta expressão foi utilizada!
Assim, considero que alguém se esqueceu do fator politica nesta equação, já Vítor Gaspar se queixava do clima para justificar a conjuntura económica.

Com o início verdadeiramente dito do processo autárquico a temperatura subiu e com tendência a elevar ainda mais, senão vejamos, desde o meu último artigo, Ribau Esteves fez a sua apresentação de candidatura e Élio Maia disponibilizou-se para o combate autárquico enquanto independente, perante uma recolha de assinaturas que já se encontra muito próximo do legalmente exigido.

Mas vamos por partes, Ribau Esteves avança apoiado por PSD/CDS/PPM com a designação Aliança com Aveiro, efetuou a sua apresentação pública na praça do município (ao ar livre) perante algumas centenas pessoas numa manobra arriscada, mas que acabou bem-sucedida. Outro aspeto que ressalta é a agregação a esta coligação por parte do PPM, qual o motivo/vantagem é a pergunta que se impõe. Iniciou no dia de anteontem a apresentação dos 10 candidatos às juntas de freguesia. Recentemente o tribunal rejeitou a providência cautelar apresentada pelo movimento Revolução Branca, teremos de aguardar as cenas dos próximos capítulos, pois a decisão do Tribunal Constitucional será de enorme relevância e a constituição da equipa candidata à vereação também, pois o número dois pode ter de ser número um!

Eduardo Feio apresentou em espaços “fechados e controlados” o seu mandatário, Júlio Pedrosa, um importante socialista do concelho devido ao seu longo passado de ligação à causa pública, mas também Filipe Neto Brandão como cabeça de lista à Assembleia Municipal, o deputado socialista dá a cara pelo seu partido neste combate difícil. Parece-me que dos três nomes referidos o que atinge menor notoriedade é mesmo o candidato à camara, curioso, para alguém que foi vereador de Alberto Souto oito anos, é era o número dois que sonhava ser número um! Mostrou ainda os (14!) candidatos às juntas, duma manobra de distração/diversão, esquecendo que Aveiro tem 10 freguesias a sufrágio eleitoral em setembro.

Já Élio Maia possui um grupo de apoiantes que se encontra a recolher o número legal de assinaturas para que este possa ser candidato independente, ainda não apresentou candidatura, mas afirmou disponibilidade, e em política, este é o primeiro passo da caminhada. Aparece no espaço político de Ribau Esteves com certeza, mas qual será a força eleitoral do atual presidente de camara enquanto candidato independente. Podendo confundir as contas feitas pelos partidos.

Será entre Ribau Esteves e Élio Maia que se centrará o principal debate politico neste processo autárquico, o verão em Aveiro será escaldante!

A nível nacional tivemos um início de Julho verdadeiramente atribulado, com o início dos briefings diários por parte do governo iniciou-se uma crise politica no governo. Assim, no dia 1 da crise politica, Vítor Gaspar após ter solicitado anteriormente a sua demissão, finalmente viu a sua pretensão aceite. Uns dirão que já foi tarde, outros que deveria continuar, a minha perspetiva é que deveria cumprir mais um ano do mandato, acabar o “Processo Troika” e aí apresentar a sua saída e o governo apresentar novo ministro com nova estratégia, num novo tempo de “Pós-Troika”. Mas a estratégia não foi essa, preferiu Passos Coelho aceitar e conduzir a antiga secretária de estado de Gaspar no cargo, um erro, primeiro porque parecerá sempre a política de Gaspar, mas sem ele, o que é sempre pior, e principalmente pela atual questão dos swaps em que está envolvida. Paulo Júlio saiu de secretário de estado por bem menos!

Paulo Portas ao dia 2 da crise política decidiu demitir-se, uma birra pura, afirmando que não tinha sido ouvido no processo da nova ministra das finanças entre outros argumentos, mas a estratégia era outra, o CDS teria congresso brevemente, queria encostar o PSD à parede e sair como o salvador da pátria, foi tudo ao lado! O próprio CDS reagiu em desagrado com a posição do lider, os portugueses reconheceram a infantilidade da atitude, os mercados reagiram violentamente perante tamanha irresponsabilidade recuando a valores de há 8 meses atrás nas taxas de juro!

O PSD reagiu pela voz do Primeiro-ministro, e bem, sóbrio e consciente do desafio que é liderar o país neste momento, mas principalmente consciente dos desafios e esforços que os portugueses efetuaram nestes dois anos.

Nos dias seguintes assistiu-se a uma estabilização da situação que culminou com um acordo novo entre PSD e CDS enquanto o Presidente da Republica ouviu os principais responsáveis das mais diversas organizações nacionais, tendo agendado para a noite de ontem uma declaração ao país, num momento em que os parceiros europeus saudavam o acordo entre os partidos da maioria.

O Presidente surpreendeu tudo e todos, pois era esperado o aval ao acordo com maior ou menor raspanete público ao governo, mas Cavaco ainda se lembra de Portas do tempo em que era Primeiro-Ministro e aproveitou para mostrar a Passos que anda atento. Encostou todos os partidos que assinaram o memorando de entendimento à parede, exigiu um acordo entre todos e lançou o fantasma das eleições antecipadas para Junho de 2014, mantendo o atual governo em funções e sem mexer na Assembleia da Republica, mas ameaçando com um governo de salvação nacional.

Em meu ver o Presidente fez bem dar o raspanete aos partidos e aos respetivos líderes partidários, chamando todos à responsabilidade de agir em prol no interesse nacional (os portugueses merecem esse respeito), sendo uma oportunidade única para a credibilização dos políticos, dos partidos e da política em geral! É fundamental afastar o fantasma grego primeiro, com uma reação positiva dos partidos, depois afastar o fantasma italiano do governo de tecnocratas, levando os políticos ao descrédito total! O cenário de eleições em Junho 2014 pareceu-me arriscado, pois levará sempre alguns políticos a jogar com esse horizonte temporal em mente, o Presidente deveria ter mantido a fasquia no fim do mandato e em junho 2015. Os mercados e a UE reagiram, dando ideia de acreditarem no processo a longo prazo, mas o curto prazo é ainda muito incerto.

Por fim, acredito que PSD mais uma vez assumirá o sentido de estado e reagirá positivamente ao Presidente, tal como o CDS, acalmando o seu líder e assumindo também como suas as dores dos portugueses, mas o PS de Antonio José Seguro dificilmente assumirá algum compromisso, pois a única ideia para o pais que existe no atual PS é eleições antecipadas, pedia-se mais a quem deixou a fatura para pagar!

Termino deixando no ar quem poderá ser o Mario Monti português desejado por Cavaco...

[N.D.R.: A publicação deste artigo foi atrasada devido à declaração do Presidente da Republica ao país na noite de 10 de Julho]

Bruno Costa

Membro da Assembleia Municipal de Aveiro, 
Ex-Presidente da JSD Aveiro