terça-feira, 19 de março de 2013

Mais razão que emoção

Bruno Costa, Presidente Honorário da JSD e Membro da Assembleia Municipal de Aveiro, diz que "dizer que a maioria dos militantes presentes na assembleia eram a favor da candidatura do Engenheiro Ribau Esteves parece um pouco pretensioso".

Intervenção na íntegra:

É já público que o processo de seleção do candidato do PSD às próximas eleições autárquicas não está a ser fácil para a Comissão Política Concelhia.

Não por força das escolhas em causa, mas mais pela emoção que tem sido sustentada por alguns militantes, ditos “históricos” (como se os partidos não fossem também feitos de renovação).

Quando a Comissão Política Concelhia do PSD de Aveiro decidiu, num ato verdadeiramente democrático, auscultar a sensibilidade dos seus militantes, estaria, com toda a certeza, longe de imaginar a falta de sensibilidade, de bom senso, de respeito, que alguns demonstraram após a Assembleia de Militantes da passada sexta-feira.

É certo que a carta de incentivo à candidatura do Eng. Ribau Esteves, tornada pública e subscrita por um grupo de “notáveis” (seja lá o que isso represente) não comporta nenhuma inverdade, nem deturpação da realidade. Sendo certo que, a bem da verdade, também não traduz, com a devida clareza, todos os factos.

Reconhece-se os argumentos da opção manifestada por alguns militantes na candidatura do Eng. Ribau Esteves. Mas não deixa de ser verdade que também houve quem manifestasse o desejo num terceiro mandato do Dr. Élio Maia, bem como quem questionasse, até, a possibilidade do Tribunal Constitucional inviabilizar, por impedimento legal, a candidatura do ainda presidente da autarquia de Ílhavo e da CIRA.


Dizer que a maioria dos militantes presentes era a favor da candidatura do Eng. Ribau Esteves parece um pouco pretensioso, já que apenas se fundamenta nas intervenções e não numa indicação, de facto, do sentido da opção dos cerca de duzentos social-democratas presentes. Para isso, seria suposto que o plenário dos militantes, a maioria não usando da palavra, estivesse de acordo com os defensores da candidatura do Eng. Ribau Esteves. Isso não pode ser garantido porque não foi apurado.

Por outro lado, quando se afirma na carta aos militantes que “as intervenções foram diversas e díspares e prolongaram-se até cerca da uma da manhã” parece contradizer a firmação de que a maioria deseja Ribau Esteves nos destinos da autarquia aveirense.

Além disso, a “dignidade, respeito e elevação” descritos igualmente na carta pública teriam muito mais valor se toda a discussão e debate tivesse, como solicitado e reiterado nas várias intervenções, permanecido restrito e discreto. Ou ainda o paradoxo entre o solicitar à Comissão Política Concelhia “coerência e isenção” na sua opção (que estatuariamente lhe compete) e vir, para a praça pública, exercer uma inqualificável e condenável pressão política. O momento próprio terminou, tal como descrito, à uma da manhã de sexta-feira para sábado, as emoções ficaram registadas nas intervenções proferidas (por sinal, pelo tal conjunto de “notáveis”, mais críticas em relação à atuação do Dr. Élio Maia do que, propriamente, mais defensoras das virtudes do Eng. Ribau Esteves)… restava agora a racionalidade e a ponderação necessárias para a melhor opção.

Pelas candidaturas, pela Comissão Política Concelhia, pelos militantes, pelo PSD-Aveiro, por Aveiro, tudo isto era, obviamente, escusado. Apenas justificado por algum saudosismo de protagonismo.

Dispensava-se.



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