Início de Verão Escaldante!
Todos nós nos
lembramos de termos ouvido dizer aos responsáveis pela metereologia que este
seria o verão mais frio dos últimos duzentos anos, verdade, esta expressão foi
utilizada!
Assim, considero
que alguém se esqueceu do fator politica nesta equação, já Vítor Gaspar se
queixava do clima para justificar a conjuntura económica.
Com o início
verdadeiramente dito do processo autárquico a temperatura subiu e com tendência
a elevar ainda mais, senão vejamos, desde o meu último artigo, Ribau Esteves
fez a sua apresentação de candidatura e Élio Maia disponibilizou-se para o
combate autárquico enquanto independente, perante uma recolha de assinaturas
que já se encontra muito próximo do legalmente exigido.
Mas vamos por
partes, Ribau Esteves avança apoiado por PSD/CDS/PPM com a designação Aliança
com Aveiro, efetuou a sua apresentação pública na praça do município (ao ar
livre) perante algumas centenas pessoas numa manobra arriscada, mas que acabou
bem-sucedida. Outro aspeto que ressalta é a agregação a esta coligação por
parte do PPM, qual o motivo/vantagem é a pergunta que se impõe. Iniciou no dia
de anteontem a apresentação dos 10 candidatos às juntas de freguesia.
Recentemente o tribunal rejeitou a providência cautelar apresentada pelo
movimento Revolução Branca, teremos de aguardar as cenas dos próximos capítulos,
pois a decisão do Tribunal Constitucional será de enorme relevância e a
constituição da equipa candidata à vereação também, pois o número dois pode ter
de ser número um!
Eduardo Feio
apresentou em espaços “fechados e controlados” o seu mandatário, Júlio Pedrosa,
um importante socialista do concelho devido ao seu longo passado de ligação à
causa pública, mas também Filipe Neto Brandão como cabeça de lista à Assembleia
Municipal, o deputado socialista dá a cara pelo seu partido neste combate difícil.
Parece-me que dos três nomes referidos o que atinge menor notoriedade é mesmo o
candidato à camara, curioso, para alguém que foi vereador de Alberto Souto oito
anos, é era o número dois que sonhava ser número um! Mostrou ainda os (14!)
candidatos às juntas, duma manobra de distração/diversão, esquecendo que Aveiro
tem 10 freguesias a sufrágio eleitoral em setembro.
Já Élio Maia possui
um grupo de apoiantes que se encontra a recolher o número legal de assinaturas
para que este possa ser candidato independente, ainda não apresentou
candidatura, mas afirmou disponibilidade, e em política, este é o primeiro
passo da caminhada. Aparece no espaço político de Ribau Esteves com certeza,
mas qual será a força eleitoral do atual presidente de camara enquanto
candidato independente. Podendo confundir as contas feitas pelos partidos.
Será entre Ribau
Esteves e Élio Maia que se centrará o principal debate politico neste processo
autárquico, o verão em Aveiro será escaldante!
A nível nacional
tivemos um início de Julho verdadeiramente atribulado, com o início dos
briefings diários por parte do governo iniciou-se uma crise politica no
governo. Assim, no dia 1 da crise politica, Vítor Gaspar após ter solicitado
anteriormente a sua demissão, finalmente viu a sua pretensão aceite. Uns dirão
que já foi tarde, outros que deveria continuar, a minha perspetiva é que
deveria cumprir mais um ano do mandato, acabar o “Processo Troika” e aí
apresentar a sua saída e o governo apresentar novo ministro com nova
estratégia, num novo tempo de “Pós-Troika”. Mas a estratégia não foi essa,
preferiu Passos Coelho aceitar e conduzir a antiga secretária de estado de
Gaspar no cargo, um erro, primeiro porque parecerá sempre a política de Gaspar,
mas sem ele, o que é sempre pior, e principalmente pela atual questão dos swaps
em que está envolvida. Paulo Júlio saiu de secretário de estado por bem menos!
Paulo Portas ao dia
2 da crise política decidiu demitir-se, uma birra pura, afirmando que não tinha
sido ouvido no processo da nova ministra das finanças entre outros argumentos,
mas a estratégia era outra, o CDS teria congresso brevemente, queria encostar o
PSD à parede e sair como o salvador da pátria, foi tudo ao lado! O próprio CDS
reagiu em desagrado com a posição do lider, os portugueses reconheceram a infantilidade
da atitude, os mercados reagiram violentamente perante tamanha
irresponsabilidade recuando a valores de há 8 meses atrás nas taxas de juro!
O PSD reagiu pela
voz do Primeiro-ministro, e bem, sóbrio e consciente do desafio que é liderar o
país neste momento, mas principalmente consciente dos desafios e esforços que
os portugueses efetuaram nestes dois anos.
Nos dias seguintes
assistiu-se a uma estabilização da situação que culminou com um acordo novo
entre PSD e CDS enquanto o Presidente da Republica ouviu os principais
responsáveis das mais diversas organizações nacionais, tendo agendado para a
noite de ontem uma declaração ao país, num momento em que os parceiros europeus
saudavam o acordo entre os partidos da maioria.
O Presidente
surpreendeu tudo e todos, pois era esperado o aval ao acordo com maior ou menor
raspanete público ao governo, mas Cavaco ainda se lembra de Portas do tempo em
que era Primeiro-Ministro e aproveitou para mostrar a Passos que anda atento.
Encostou todos os partidos que assinaram o memorando de entendimento à parede,
exigiu um acordo entre todos e lançou o fantasma das eleições antecipadas para
Junho de 2014, mantendo o atual governo em funções e sem mexer na Assembleia da
Republica, mas ameaçando com um governo de salvação nacional.
Em meu ver o
Presidente fez bem dar o raspanete aos partidos e aos respetivos líderes
partidários, chamando todos à responsabilidade de agir em prol no interesse
nacional (os portugueses merecem esse respeito), sendo uma oportunidade única
para a credibilização dos políticos, dos partidos e da política em geral! É
fundamental afastar o fantasma grego primeiro, com uma reação positiva dos
partidos, depois afastar o fantasma italiano do governo de tecnocratas, levando
os políticos ao descrédito total! O cenário de eleições em Junho 2014
pareceu-me arriscado, pois levará sempre alguns políticos a jogar com esse
horizonte temporal em mente, o Presidente deveria ter mantido a fasquia no fim
do mandato e em junho 2015. Os mercados e a UE reagiram, dando ideia de
acreditarem no processo a longo prazo, mas o curto prazo é ainda muito incerto.
Por fim, acredito
que PSD mais uma vez assumirá o sentido de estado e reagirá positivamente ao
Presidente, tal como o CDS, acalmando o seu líder e assumindo também como suas
as dores dos portugueses, mas o PS de Antonio José Seguro dificilmente assumirá
algum compromisso, pois a única ideia para o pais que existe no atual PS é
eleições antecipadas, pedia-se mais a quem deixou a fatura para pagar!
Termino deixando no
ar quem poderá ser o Mario Monti português desejado por Cavaco...
[N.D.R.: A publicação
deste artigo foi atrasada devido à declaração do Presidente da Republica ao
país na noite de 10 de Julho]
Bruno Costa
Membro
da Assembleia Municipal de Aveiro,
Ex-Presidente da JSD Aveiro