sexta-feira, 29 de julho de 2011

Crónica de Campanha

Em 2011 a campanha para as legislativas e, consecutivamente, toda a envolvência cívica e social para a eleição do novo Governo de Portugal tiveram latente uma realidade bastante diferente da que tem caracterizado estes cenários em situações equivalentes. Um quotidiano marcado pela descrença, provocada essencialmente por alguns agentes políticos e sociais ligados a situações dúbias e cujas consequências se reflectem, muitas vezes, em impunidade; pela crise económica e social que se agudiza em território nacional e que traduz a necessidade da adopção de uma nova postura, assim como, uma análise profunda do paradigma politico actual de Portugal.
Nestas eleições existiram marcadamente posturas dissonantes com as praticadas nas últimas campanhas. Foi notória a contenção a nível dos investimentos, como, por exemplo, pela inexistência dos habituais outdoors, bem como em algum material de propaganda que é, por vezes, considerado de uso inquestionável numa campanha. Numa era de tecnologia e numa sociedade que felizmente caminha para a utilização, cada vez mais alargada, dos novos meios de comunicação, assistiu-se ao recurso vigoroso por parte dos agentes políticos a novas ferramentas, nomeadamente as redes sociais, como forma de divulgação de eventos e partilha de opiniões e ideologias, por um leque de receptores alargado e diferenciado.
Estas eleições não dispensaram, naturalmente, o contacto directo entre os agentes políticos e os eleitores, as importantes arruadas caracterizadas pela enorme envolvência popular, as visitas às feiras e aos mercados onde a divulgação das ideias é a tónica dominante ou os grandes comícios nas principais cidades com a presença de diversas personalidades carismáticas da Sociedade Portuguesa. Personalidades diferenciadas e independentes da vida política e partidária, assim como figuras históricas da democracia portuguesa, aproveitavam para demonstrar o seu genuíno apoio, a confiança nas metas estabelecidas pelas candidaturas e a importância social e económica da pro-actividade e da competência que devem estar latentes a um nova equipa governativa num país que se apresenta em emergentes dificuldades. Esta demonstração de apoio revela, assim, a importância e a necessidade de aproximação da política activa à sociedade e aos problemas que diária e futuramente envolverão não a sociedade e os seus principais intervenientes mas, individualmente, todos os seus cidadãos.
Neste panorama, e em particular na campanha Social Democrata, assistiu-se a uma forte mobilização humana de jovens, que se verificou superior às demais candidaturas e a muitas outras situações da história social democrática, indo de encontro às adversidades emergentes com que se defrontam na procura de trabalho e de oportunidades. Figuras importantes e independentes da sociedade, apoiantes e simpatizantes anónimos até então alheados da vida política engrossaram o apoio e a ode desta candidatura, sendo que muitos tiveram um papel importante nas estruturas partidárias de cariz distrital. Na mesma medida a Juventude Social Democrata – JSD optou, novamente, pela definição de estratégias que passavam pela constituição de grupos de trabalho de âmbito distrital e nacional como forma de, mais facilmente, realizarem uma divulgação efectiva e consistente das propostas e das ideias que balizavam a candidatura do Dr. Pedro Passos Coelho e do espólio de personalidades candidatas a deputados pelas listas sociais democratas.
No que respeita à Volta Nacional da JSD, cujo principal objectivo passava, em primeira instância, por servir de apoio às estruturas distritais do partido, acompanhando o candidato a Primeiro-ministro e os candidatos dos respectivos distritos, informando as populações e servindo de garante à mobilização humana nos eventos e arruadas realizados. Ao longo de todo o percurso, passando por todos os distritos nacionais, à excepção das regiões autónomas dos Açores e da Madeira, foi possível experienciar e comparar as dinâmicas distritais, por vezes muito diferentes mas tendencialmente adequadas às especificidades locais e às características próprias do distrito e seus candidatos. Uma volta marcada, sem dúvida, por algumas situações sui generis e alguns pontos altos, como o almoço em Penafiel, marcado pela enorme adesão, a intensa arruada na cidade do Porto no penúltimo dia de campanha, com uma moldura humana muito densa, os comícios em Vila Real e Aveiro marcados pela presença de milhares de pessoas, este último, segundo palavras do Dr. Pedro Passos Coelho, o maior comício de toda a campanha. Este foi, também, o culminar de um dia de campanha muito intenso, marcado, sobretudo, por três arruadas no período da manhã que, naturalmente, implicaram numa necessidade efectiva de grande mobilização e deslocação de meios entre os diferentes locais em períodos muito curtos. Foi um teste ímpar em toda a volta que a comitiva nacional e a coordenação distrital tiveram que enfrentar, garantindo a correcta articulação de meios, a mobilização de pessoas, etc., sem descorar a competência na divulgação da informação junto das populações.
Todo este processo, complexo pelas suas especificidades, verificou-se ter culminado num resultado positivo e ter constituído um sério contributo para o desenrolar da campanha do PSD. Será certamente um ponto de partida para um contributo muito eloquente para a nova equipa governativa, já designada na sua plenitude, que terá de enfrentar inúmeros e inesperados desafios ao longo dos próximos quatro anos.

Miguel Fernandes