"25 de Abril sempre", mesmo!
Aproxima-se o 25 de Abril e para além da
divulgação da importância desta data para o fundamento democrático em
Portugal, têm circulado notícias sobre comportamentos de protagonistas
políticos e cívicos que têm certamente entristecido os portugueses.
Mário Soares e Manuel Alegre informaram
que não vão participar nas cerimónias oficiais do 25 de Abril, "em
solidariedade" com a Associação 25 de Abril, que já tinha anunciado a
sua recusa em participar nas festividades na Assembleia da República.
A JSD informa que os seus deputados à
Assembleia da República estão também imbuídos no espírito de
solidariedade, mas esta é para com o Estado de Direito democrático, pelo
que marcarão presença nas referidas comemorações. Esta é uma real
solidariedade para com a democracia de hoje e um compromisso que
perdurará no futuro no nosso país através do empenho da juventude
portuguesa.
Confessamo-nos perplexos com o facto de
Manuel Alegre afirmar que não irá participar argumentando que “a
celebração sem aqueles que fizeram o 25 de Abril não tem o mesmo
significado”. Mas de quem é o 25 de Abril, ousamos perguntar?
Durante tempo demais ouvimos os supostos
“donos” da revolução a dizer-nos o que foi, o que é e o que será o 25
de Abril. Ao assumirem uma noção proprietária do regime democrático, não
cuidaram sequer de perceber que estavam a negar a própria essência da
democracia. Se há um dono da revolução, independentemente dos
protagonistas, ele só pode ser um: o povo português.
Também por isso dizemos, sem amarras,
que o sucesso da marca do 25 de Abril e da conquista da democracia será
tanto maior quanto menos depender dos agentes da mudança de 1974, não
porque contra eles se cumpra melhor a revolução, mas porque será sem
eles que as futuras gerações tomarão o encargo de a honrar e preservar. A
interiorização da ideia de democracia e a naturalidade com que
assumimos a liberdade, essas sim, traduzem a verdadeira conquista
daquela época histórica.
Ceder a corporativismos de qualquer
natureza é desrespeitar o verdadeiro legado do 25 de Abril. Mais do que
para os nossos pais ou até mais do que para nós próprios, o 25 de Abril é
um valioso ideário democrático para os que se seguirão. É a promessa da
perpetuação da democracia e da luta contra forças tirânicas de
opressão.
Podem tentar corromper as celebrações,
mas não conseguirão apagar a acendalha da liberdade democrática nem
quebrar a fé na democracia. Lamenta-se, é certo, que os Capitães de
Abril não compareçam nas comemorações. Mas mesmo na sua ausência será
comemorado o direito mais precioso que o 25 de Abril nos trouxe e que
inclusivamente engloba o seu direito de decidir não participar no acto
oficial: a liberdade democrática.
Abril fez-se e continuará a fazer-se
para que todos sejam tidos por iguais, merecedores do mesmo respeito,
dignidade e protecção. Abril desfaz-se e desintegra-se sempre que
alguém, independentemente da sua relevância, entende ser mais igual do
que outros.
Da nossa parte, manteremos um
escrupuloso cumprimento do dever de homenagem a todos quantos fizeram
parte da construção da democracia, onde incluímos, como não poderia
deixar de ser, os que voluntariamente se ausentam.
Independentemente da profunda
discordância que entendemos expressar face à atitude divisionista
empreendida por alguns dos heróis de Abril, a JSD e os seus deputados
cumprirão o imperativo, a honra e o orgulho de prestar o devido tributo
ao conjunto das forças (civis, políticas e militares) que tornaram o
quotidiano democrático uma possibilidade. Mas não esqueceremos que, 38
anos depois, muitos mais foram e muitos mais serão os que, depois de
1974, ajudaram e ajudarão a cumprir Abril todos os dias.
De outra forma não faria sentido
comemorar aquele que foi um renascimento não só de um regime, mas antes e
sobretudo o de uma nação.
Fonte: JSD
Sem comentários:
Enviar um comentário