sábado, 23 de fevereiro de 2008

Artigo de opinião publicado em 22/02/2008

POR UMA VERDADEIRA REFORMA DO ENSINO ESPECIALIZADO DA MÚSICA…

A JSD tinha como o seu principal objectivo com a Carta Aberta à Sra. Ministra da Educação lançada no passado dia 10 trazer para o debate público o maior número de intervenientes possível, e conseguiu, pois até a Juventude Socialista opina, e sobre o assunto!!! Mas não esperávamos tal desconhecimento da realidade… Este facto fica demonstrado no artigo de opinião escrito pelo seu coordenador concelhio no Diário de Aveiro do passado dia 20 de Fevereiro. Para o esclarecimento da referida estrutura bastava o artigo de opinião escrito por Domingos Peixoto, curiosamente no mesmo dia, no mesmo jornal, que subscrevemos na íntegra, mas mesmo assim esclareceremos publicamente a JS em particular e os aveirenses em geral face à posição da JSD.

Os portugueses em geral e os jovens em particular sabem que o PSD é um partido reformista, um partido virado para o futuro, com um forte sentido progressista, como são disso exemplos passados a implementação do Incentivo ao Arrendamento Jovem, que o PS reformou há bem pouco tempo e com os resultados conhecidos, de mais de 20.000 jovens a usufruir do IAJ, para apenas cerca de 3.000 candidatos ao Porta 65 Jovem, tal como é disso exemplo a criação do Instituto Português de Juventude, que o PS reformulou, tendo adequado as delegações regionais às regiões plano, retirando o delegado regional a Aveiro, regionalizando a juventude portuguesa. Não esquecendo a recente reforma da Saúde com os resultados que conhecemos, não basta parecer ou querer ser reformistas, temos de saber ser!!!

Não esperávamos que a Juventude Socialista de Aveiro optasse por este socialismo do Sr. Pinto de Sousa, vulgarmente conhecido por Eng. Sócrates, pois ainda na passada quarta-feira foi noticiado por um órgão de comunicação social nacional que um reconhecido socialista, o deputado Manuel Alegre, iria apresentar um requerimento à Sra. Ministra da Educação, onde pediria esclarecimentos sobre esta reforma, onde afirma que é “grave a decisão de eliminar o ensino público especializado de música atirando para o privado todos os alunos que não possam ou não queiram optar desde muito cedo por uma dedicação exclusiva” e que “Se todos podem e devem aceder a esta forma arte, só alguns serão capazes de a exercer”, mas não só, pergunta ainda “Quantas escolas do primeiro ciclo podem oferecer desde já ensino de música em actividade de enriquecimento cultural? Com que curriculum e carga horária? Em que número e qualidade existem professores e instrumentos? Quais são as razões pedagógicas pertinentes para iniciar esta reforma? O Governo pode invocar algum país europeu que tenha seguido esta opção e com que resultados?”. Será que tal como a JSD/AVEIRO, o Maestro Vitorino D’Almeida e muitas outras pessoas da cultura e não só, o deputado Manuel Alegre também está errado e não conhece realidade?

Encarar o ensino especializado da música sem conseguir compreender as suas reais e latentes especificidades, partindo para a análise do ensino no geral parece-nos extremamente evasivo, é claramente desviar as atenções da questão principal. A JS refere a existência da Agência Nacional para a Qualidade como responsável por esta reforma, por isso perguntamos quantos músicos existem no grupo responsável pelo estudo? Nenhum! É como efectuar uma reforma no futebol, com base em estudos feitos pela Ordem dos Engenheiros, temos de chamar os interessados a ajudar a decidir, os músicos! Organização esta que denota total desconhecimento da realidade, quando tem membros que questionam o porquê das aulas individualizadas no ensino da música.

Deste modo, passemos à verdade dos factos que a JS não conhece ou não quer conhecer, pois ao afirmar ”como é que fazem as crianças dos outros pontos do país?”, nós esclarecemos que 52% dos alunos do conservatório de Aveiro não são do concelho, alguns são mesmo de outros distritos. São alunos que na sua grande maioria frequentam o conservatório de música de Aveiro no regime supletivo, mas com o fim deste regime, tal como previsto na reforma, pois segundo a Sra. Ministra é onde reside a fonte do insucesso dos alunos, aí sim, a questão coloca-se, aí sim, apenas os alunos de Aveiro lá estudarão.

Gostaríamos de salientar que no conservatório de Aveiro estudam 550 alunos, em contraponto aos 350 de Braga e com mais e melhores instalações. Braga representa nesta fase o modelo que o Ministério deseja implementar, é este o modelo de democratização do ensino da música? Mais instalações, menos alunos? Sabemos ainda que dos referidos 550 alunos, 110 são de iniciação, equivalente ao primeiro ciclo de escolaridade, regime que será extinto, 70 no regime articulado e os restantes do regime supletivo, se a iniciação se extingue e o supletivo também, com quantos ficará o conservatório dos seus 550 actuais?

Parece-nos que esta é mais uma reforma de carácter economicista, uma reforma que tem por base o chamado “insucesso” dos alunos do regime supletivo, pois a Sra. Ministra não sabe ou não quer saber que muitos ainda sem terminar o conservatório ingressam no ensino superior em cursos de música, muitos ingressam na vida activa nas escolas de música particulares, poderemos chamar a isto insucesso? Não nos parece! Não estaremos a investir no futuro do país, na economia cultural nacional, não estaremos já a formar públicos para espectáculos?

Em suma, esperávamos uma posição diferente da Juventude Socialista, mais atenta e mais ponderada sobre esta questão, mas parece-nos que este será mais um assunto que face a uma contestação social forte, o governo terá de recuar, como são disso exemplos a localização do futuro novo Aeroporto de Lisboa, ou mais recentemente uma inversão de posição por parte da JS face ao Porta 65 Jovem, que no passado era um diploma excelente, inatacável e face à contestação social, face a uma posição a nível nacional da JSD, a Juventude Socialista afirma que afinal existem aspectos a rever…

Por isso afirmamos que a JSD continuará a estar como sempre esteve, a ouvir todas as partes interessadas, a formar opinião própria, para que nos locais correctos possamos estar em defesa do ensino e da música, em defesa dos Jovens, em defesa de Aveiro!

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