quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Resgate de uma geração


Ressaca Autárquica

No artigo deste mês existe um tema obrigatório e central a todo o contexto político nacional, as recentes eleições autárquicas, realizadas a 29 de Setembro. Processo que terminou com uma vitória do PS e uma derrota do PSD.

Assim comecemos pelo panorama nacional, onde o BE desaparece do mapa em termos de liderança autárquica, e com um péssimo resultado a nível nacional, elegendo apenas 8 mandatos em executivos camarários, um cartão vermelho a uma liderança bicéfala sem expressão, mas que se disse vitoriosa na noite eleitoral, alucinação pura! A CDU aumentou a sua expressão autárquica passando a liderar 34 autarquias, na sua maioria a sul do tejo, um bom resultado comunista. O CDS apesar de ser Governo a nível nacional aumentou para 5 lideranças de câmara a sua presença autárquica, um bom resultado apesar de estranho, talvez explicado por questões locais, por exemplo no distrito de Aveiro houve 2 autarquias a mudar para a alternativa CDS, pois a liderança era PSD. O PS teve uma vitória nacional que resultou do somatório do voto protesto, adicionando questões locais, pois Seguro não vale neste momento 37% do eleitorado. Mas os vencedores do dia eleitoral, foram a abstenção, e os brancos e nulos que subiram em percentagem e votos expressos, 100.000 e 80.000 votos respetivamente.

De notar que os dinossauros autárquicos sujeitos a sufrágio tiveram avaliações locais bastante dispares, penalizados fortemente em Lisboa e Porto por exemplo, e reconhecidos em Aveiro e na Guarda nomeadamente, notando que o eleitorado continua dono do seu futuro!

Em Gaia e Matosinhos por exemplo, PSD e PS perdem a autarquia por guerras internas de poder partidário, era desnecessário este desfecho, bastava ouvir/unir as pessoas.

Na Madeira, começa a sentir-se o desgaste de Alberto João Jardim ao perder sete autarquias, Miguel Albuquerque que perdeu por pouco na última eleição laranja na Madeira parece ter agora mais condições para preparar o assalto ao trono.

A nível distrital muitas analises subjetivas podem ser efetuadas! Ponderemos algumas delas.

Em termos de votos expressos, o PS venceu nos votos para dois órgãos municipais e o PSD venceu em votos para as juntas. Apesar de ambos perderem votos de forma expressiva face a 2009.

Em termos de autarquias o PSD perdeu três autarquias, liderando atualmente apenas 11, enquanto o CDS conquistou duas ao PSD, um excelente resultado, onde Paulo Portas empenhou muito do seu esforço pessoal com diversas visitas ao distrito. A outra autarquia foi perdida para um grupo de independentes ex-PSD. A vitória do PSD em Ovar acaba por ser menorizada devido ao resultado geral.
No distrito, o CDS venceu pelo crescimento autárquico que teve ao conquistar duas câmaras e por ter crescido em votos à semelhança da CDU e o PS venceu em votos, o PSD continua com mais câmaras no distrito e na CIRA, mas perdeu claramente este processo eleitoral.

A nível local, Aveiro, sofreu de uma campanha dura e menos elevada do que seria esperado para uma terra de liberdade, desta feita sofreu de demasiada liberdade. Apesar do ruido de fundo, centrar-me-ei nos factos, São Bernardo manteve-se fiel a uma linha de orientação que a lidera há muitos anos e tornou-se a única freguesia liderada pela coligação independente Juntos por Aveiro, que foi a grande derrotada do dia, pois recandidatando o atual presidente da autarquia, apenas arrecadou cerca de 3.500 votos, mas de registar é que com a exceção de Santa Joana, os candidatos à junta deste movimento conseguem obter mais votos expressos que Élio Maia, resultado para ser analisado pelo próprio.

O PS perde percentualmente 9%, mas nas urnas perde 2.500 votos, apesar de manter os três vereadores e os oito elementos na Assembleia Municipal. Nas juntas conquistou apenas duas em dez, perdeu influência no centro de Aveiro com a agregação da Vera Cruz à Gloria onde perderam e registaram a surpresa da noite ao não vencer em Esgueira. Também Eduardo Feio regista o fenómeno de ter menos votos que os seus candidatos a presidentes de junta, em linha com o meu último artigo “Parece-me que o PS concorre para piorar o resultado eleitoral de 2009, sem projeto, sem chama, sem presença.”

O PCP cresceu em percentagem, votos e eleitos, um sinal de trabalho da estrutura concelhia e de honestidade com o seu programa e com os aveirenses ao longo dos últimos 4 anos, o BE perde percentagem, votos e eleitos, fruto de uma postura aleada da realidade aveirense, foi um claro cartão vermelho.

Por fim, Aliança com Aveiro, aconteceu o oposto de Élio Maia, o candidato da coligação obteve mais votos que os seus candidatos às juntas, com exceção de Cacia onde foi semelhante o número de votos. Ribau Esteves venceu em quase toda a linha, maioria absoluta no executivo, na Assembleia Municipal e sete em dez juntas de freguesia, entre as quais Esgueira, a surpresa da noite. Aveiro afirmou claramente que queria Ribau a governar a autarquia no próximo mandato, pois houve voto PS e Juntos por Aveiro no candidato da Aliança com Aveiro.

Como reagirá internamente o PS, o que fará a oposição interna de Eduardo Feio? E no PSD e CDS qual será o futuro dos dissidentes?
  
O único patamar onde o PSD venceu foi o local (muito por força do candidato), perdeu a nível distrital e nacional, levando a serem convocadas eleições diretas e congresso nacional para o início de 2014, depois de um verão quente, parece que o Natal também o será!

P.S.: Tentei evitar o tema Oeiras, mas tenho que registar a celebração dos apoiantes do movimento vencedor junto ao estabelecimento prisional onde se encontra Isaltino Morais, era desnecessário, e são momentos como este que deterioram a imagem dos muitos políticos sérios e com brio no que fazem.

Bruno Costa

Membro da Assembleia Municipal de Aveiro 
Ex-Presidente da JSD Aveiro

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