domingo, 1 de setembro de 2013

Resgate de uma geração


Rentrée Pré-Autarquica

Depois de efetuado o interregno para férias, regressamos ao estilo rentrée politica, com alguns factos relevantes ocorridos desde o artigo de Julho.

Assim, o início do processo autárquico teve na data 5 de Agosto a entrega de listas candidatas a novos autarcas… e desde então a temperatura subiu e com tendência a elevar ainda mais.
Mas vamos por partes, Ribau Esteves avança apoiado por PSD/CDS/PPM com a designação “Aliança com Aveiro”, mas o Tribunal Constitucional ainda pode confundir a candidatura, “chumbando” o nome dos autarcas com mais de três mandatos consecutivos que sejam novamente candidatos, decisão que será tomada nos próximos dias, e apresentou Nogueira Leite para candidato à Assembleia Municipal, um homem que dispensa apresentações, mas que se afirma disponível para ajudar a sua cidade nesta missão, uma aposta forte da candidatura numa “figura nacional” que se diz fruto da diáspora aveirense! Tanto em termos de lista à Câmara, como da lista à Assembleia Municipal onde o número dois e três são a presidente do CDS e o presidente do PSD a renovação é profunda, sinal de rutura com o passado.

Élio Maia, atual presidente da Câmara, entregou a sua recandidatura como “Juntos por Aveiro”, algo que gerou algum desconforto naqueles que com ele foram portadores desta designação em 2005 e 2009, e que agora estão com outro candidato, mesmo assim a candidatura avança, com um numero de assinaturas muito superior ao exigido legalmente, com candidaturas em todas as juntas e renovação da lista à Câmara, passando alguns dos atuais vereadores para a lista à Assembleia Municipal, Maria da Luz Nolasco é terceira e Carlos Santos, vice-presidente durante os últimos 8 anos e antigo candidato do PSD à autarquia aveirense é o cabeça de lista, um homem de confiança que afirma ter suspendido a sua militância do PSD por desacordo com as politicas nacionais, mas uma pergunta fica no ar, porquê só agora? Parece que só agora deu jeito…

Eduardo Feio apresentou também a sua lista sem que houvesse uma grande cartada na manga, Filipe Neto Brandão avança como cabeça de lista à Assembleia Municipal com uma lista mais fraca do a que atualmente compõe a bancada do PS, a exclusão de Pedro Pires da Rosa nomeadamente pode ser um passo em falso em termos eleitorais. A menor notoriedade do candidato à camara face aos opositores obrigou a alguém como Alberto Souto a vir do Luxemburgo ajudar na campanha. Reconheço que ao ver Feio e Souto juntos, muitas memórias me passaram pela cabeça, mas já passaram oito anos desde que a JSD foi parte liderante da derrota de Alberto Souto. Parece-me que o PS concorre para piorar o resultado eleitoral de 2009, sem projeto, sem chama, sem presença.

No espectro mais à esquerda a CDU conseguiu voltar a apresentar candidatos em todas as freguesias, ao contrario do BE, aguardemos pelos resultados de dia 29 para aferir se o estilo de politica do BE com o qual discordo profundamente, do estilo e das ideias, volta a ter melhores resultados que a CDU, que apesar de ideias divergentes das minhas, as apresenta com uma honestidade intelectual muito superior ao BE.

Mas, regressemos aos mais sérios candidatos à autarquia, Ribau Esteves e Élio Maia, que poderão favorecer o PS em algumas situações fruto da divisão de votos, com certeza registarão o mesmo espaço politico. Élio surge no espaço político de Ribau Esteves, mas qual será a força eleitoral do atual presidente de câmara, pois afirma ter recolhido 8000 assinaturas para a sua candidatura independente, o que pode ser significativo no próximo dia 29, se assinaturas representarem votos e confundir as contas de uma possível maioria absoluta por parte de Ribau Esteves. Por isso o extremar de posições de ambas as partes no período de pré-campanha a que temos assistido e total esquecimento de um PS que ainda não veio marcar território de forma inequívoca! Cenas dos próximos capítulos a serem interessantes de seguir.

Por fim gostaria de deixar algumas notas finais, um reconhecimento ao trajeto intelectual, concordando ou não com o mesmo, de António Borges falecido recentemente que foi marcante na sociedade portuguesa e sempre com uma linha orientadora muito própria.

Relembrar as vidas perdidas no combate aos fogos e perguntar quando, quando deixaremos de ter fogos iniciados por descuido, por fogo posto? Quando? O Estado não dá o exemplo e não limpa a mata que lhe pertence, mas os particulares não ajudam em nada, e salvo raras exceções, o estado da mata é similar, juntando os “pirómanos” que andam por aí a por fogo a tudo temos um Portugal a arder, a desperdiçar recursos e a tirar vidas a Bombeiros quando assim não tinha de ser!

Tal como no último texto onde a questão que coloquei não necessitou de resposta pois Passos Coelho e Portas continuam a governar Portugal, apenas Seguro parece estar a definhar politicamente após a proposta de Cavaco nos primeiros dias de Julho, terminarei também este como uma interrogação relativa ao Tribunal Constitucional.

Quando aprovarão os senhores juízes do Constitucional alguma medida proposta por este governo que permita mudar alguma matéria substantiva em Portugal, sem consequente aumento de impostos? Parece cada vez mais que a única medida constitucional é deixar tudo na mesma e aumentar impostos, mas o povo já não tem para pagar! Razão tinha Passos Coelho quando se candidatou ao PSD e defendia a revisão da Constituição! 

Bruno Costa

Membro da Assembleia Municipal de Aveiro 
Ex-Presidente da JSD Aveiro

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